◉Atualizado em 22/10/2025 · 16:57 (BRT)
Uma falha nas operações da AWS (Amazon Web Services), provedora de armazenamento em nuvem da empresa, derrubou mais de 500 sites e aplicativos em todo o mundo nas primeiras horas desta segunda-feira (20). O apagão digital paralisou rotinas comuns, das lições matinais no Duolingo e treinos pelo Wellhub aos conteúdos “proibidões” do Privacy, deixando temporariamente fora do ar apps como ChatGPT, Snapchat, Fortnite, Mercado Livre, PicPay e iFood.
Websites de veículos de imprensa, como o “The Wall Street Journal”, e até serviços públicos online no Reino Unido ficaram inacessíveis. Usuários do Reddit nos Estados Unidos relataram que a assistente inteligente Alexa também deixou de responder a comandos, enquanto as câmeras de segurança Ring, ambas da Amazon, apresentaram falhas nas gravações. A AWS informou ter corrigido o problema durante a manhã, mas usuários e plataformas ainda se queixavam de dificuldades ao longo do dia.
Segundo a empresa, a interrupção teve origem em uma instabilidade no sistema interno de conversão de domínios (como “site.com.br”) em códigos numéricos (endereços de IP) compreendidos pelas máquinas, afetando a região “us-east-1”, a estrutura de data centers da Amazon no norte da Virgínia (EUA). De acordo com o site de notícias sobre tecnologia “The Verge”, essa mesma estrutura já registrou interrupções generalizadas em 2020, 2021 e 2023.
✲ POR QUE ISSO IMPORTA?/ A situação evidencia quanto a vida cotidiana, online ou não, depende da internet. Grande parte dos aplicativos e plataformas funciona graças a poucas gigantes da tecnologia que controlam a infraestrutura.
Apesar do nome “nuvem”, os serviços operam em galpões cheios de servidores, entrelaçados por cabos de fibra óptica e sistemas de refrigeração, mantendo a rede funcionando de forma invisível aos usuários. Uma falha em qualquer um desses data centers pode derrubar de repente parte significativa da internet global, interrompendo desde serviços essenciais a plataformas de entretenimento.
⏣ RECORTE DO FATO/ A concentração da infraestrutura em gigantes da tecnologia, como a Amazon, decorre de razões técnicas e de custo. Manter data centers próprios exige investimentos vultuosos e recursos constantes, inclusive naturais.
Ao optar pela Amazon, Google, Azure, IBM e Oracle, por exemplo, plataformas e websites simplificam essas operações, mas passam a depender de uma infraestrutura cada vez mais centralizada para manter seu funcionamento. Só a Amazon detém 38 regiões de data centers no mundo, incluindo um no Brasil. Organizações em defesa da imprensa alertam que o apagão afetou aplicativos de comunicação seguros, como o Signal, e diversos sites de notícias, uma evidência da necessidade urgente de diversificação na computação em nuvem.
“A infraestrutura que sustenta o discurso democrático, o jornalismo independente e as comunicações seguras não pode depender de um punhado de empresas”, disse Corinne Cath-Speth, chefe digital do Article 19, um grupo de defesa da liberdade de expressão, em um comunicado.