Madu, do Machete Bomb, fala sobre a mistura da banda: ‘Rock é samba e samba é rock and roll’

O dono do cavaquinho “profano” também relembra alguns causos de shows da banda curitibana e elabora algumas teorias. 

Atualizado em 27/06/2019 · 17:49 (BRT)

Otávio ‘Madu’ Madureira é cavaquinista, produtor e compositor da banda curitibana Machete Bomb (Foto: Machete Bomb/Divulgação)

Por Tiago de Moraes e Guilherme Dorini

“Tem essa coisa de que o samba e o rock não se misturam. Cara, rock and roll é samba e samba é rock and roll. A atitude é sempre a mesma. A atitude de protesto, a atitude de contestar as coisas”, argumenta o músico Otávio Madureira, da banda Machete Bomb, em entrevista ao episódio de estreia da série “Histórias do Rock”, uma produção original de ZACHPOST/DISCOLIVRE. (Veja o vídeo abaixo).

O grupo curitibano tem ganhado destaque justamente pela formação ainda inusitada para os formatos do rock brasileiro. Madu, como prefere ser chamado, é o dono do cavaquinho distorcido, cheio de efeitos, que situa a banda dentro da combinação da metaleira com o hip-hop e o samba, apresentando-se tanto em festivais de heavy metal quanto em palcos com nomes como O Rappa e Criolo. Fazem parte do conjunto também os músicos Vitor Salmazo (vocal), Rodrigo Spinardi (percussão), Rodrigo Suspiro (baixo) e Daniel Perim (bateria).

“Essa mistura do rap com o rock não é uma coisa nova. Os dois andam muito juntos. O rap começa com samples de funk e se você pegar o Black Sabbath, o Led Zeppelin, os riffs são praticamente de funk. O samba e o rap tem o Jair Rodrigues. Já o samba com o rock, de longa data também. O Mundo Livre S/A, que é uma influência para nós, afinal, eu só resolvi pegar um cavaquinho por causa da banda. Para mim, um dos melhores conjuntos do país e eles já faziam esta mistura”, defende o músico.

https://youtu.be/mfgcyb2qQkU

Mesmo não sendo inédita, a proposta do grupo acaba indo na contramão do momento atual do rock nacional, no qual a aproximação com outros estilos é vista muitas vezes como uma coisa ruim.

“Cada lugar tem uma reação diferente. Quando a gente entra com o cavaquinho, começa ali, o cara já olha e fala: ‘Que merda vem agora, o cara tá com o cavaco na mão, estou esperando rock and roll, aqui’. Mas a gente consegue tirar sempre um resultado positivo. É bacana ver que a gente mexe com isso”, acredita Otávio Madureira.

No palco, isso já rendeu momentos engraçados e surpreendentes para o conjunto, um deles na própria terra natal da banda, durante o Curitiba Rock Carnival. Segundo Madu, o objetivo é trazer por meio da música críticas e reflexões sobre a sociedade e o cotidiano, além de quebrar paradigmas no que tange a própria brasilidade.

“Tudo é música. São músicas de protesto, que falam verdades e cutucam feridas. No Brasil, o samba fez o que o rock contribuiu lá fora, de contestar, afrontar. A intenção é mostrar isso as pessoas, por mais preconceituosas que sejam. Parar e respeitar o cavaco como instrumento, samba como música ou o rock como forma de arte. Quebrar o preconceito, porra. O preconceito não está com nada”, completa o cavaquinista.

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