◉Atualizado em 20/10/2025 · 15:56 (BRT)
A expectativa de décadas por uma estatueta do Oscar para o Brasil se concretizou neste ano com o filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles. E pelo menos até agora, a nova leva de produções nacionais não tem desapontado em qualidade, repercussão e nos festivais de cinema. É o caso de “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, um thriller ambientado em 1977, durante a ditadura militar.
Após conquistar dois prêmios em sua estreia em Cannes, o filme tem atraído atenção constante no circuito de festivais, passando por Toronto, Sydney, San Sebastián e Zurique, além da confirmação na programação do Festival de Cinema de Nova York, na próxima semana. O desempenho consistente contribuiu para a escolha da Academia Brasileira de Cinema na indicação de “O Agente Secreto” como representante do Brasil na disputa por uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2026. Confira o trailer completo a seguir.
Responsável pela campanha vitoriosa de “Anora” ao Oscar de melhor filme deste ano, a distribuidora Neon garantiu os direitos de exibição nos EUA e outros territórios internacionais, dividindo com a plataforma Mubi. No Festival de Cannes, o longa-metragem conquistou os prêmios de melhor ator para Wagner Moura e melhor direção, e ainda levou o prêmio Fipresci da crítica.
Mas o páreo estava longe de ser fraco. Também foram considerados os aclamados “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro, vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim, e “Manas”, o elogiado drama de Marianna Brennand, escolhido para representar o Brasil no Prêmio Goya.
Na trama de “O Agente Secreto”, Wagner Moura interpreta Marcelo, um professor universitário que se muda para Recife para escapar de agentes do governo que o procuram por atividades subversivas ao regime militar. Em plena semana de Carnaval, o docente logo descobre que está sendo espionado. O filme mistura fatos históricos com elementos de fantasia para abordar a violência do regime e a luta pela identidade e resistência em um contexto de autoritarismo.
Com o objetivo de provocar incômodo e reflexão sobre o passado e o presente, Kleber Mendonça Filho recorre ao realismo fantástico, elemento presente em menor ou maior intensidade nas produções anteriores do diretor. Essa escolha estética representa a repressão, a vigilância constante e o silenciamento da memória histórica, não apenas para expor a brutalidade do período retratado, mas também para evidenciar a força da resiliência diante da ditadura.
A escolha do filme como representante oficial do país, aliada aos acordos de distribuição nos cinemas, favorece para ampliar sua visibilidade internacional e impulsionar suas chances de indicação em outras categorias no Oscar, inclusive na categoria de Melhor Ator para Wagner Moura.
Pesa a favor do ator baiano seu currículo em produções de destaque nos últimos anos, como “Narcos”, “Iluminadas”, “Ladrões de Drogas” e “Guerra Civil”, o que faz de Moura um nome reconhecível e memorável para os votantes da premiação em meio ao grande número de produções em campanha.
A visibilidade trazida pela vitória de “Ainda Estou Aqui” ao cinema nacional pode ser mais um ponto a favor. No início do ano, a “maré brasileira” invadiu as redes sociais da Academia do Oscar, com uma campanha engajada em apoio a Fernanda Torres, indicada a Melhor Atriz, e ao próprio filme, finalista também na categoria principal. “O Agente Secreto” estreia nos cinemas brasileiros em 6 de novembro, pela Vitrine Filmes.