World Press Photo 2017: o olhar sobre o cotidiano e o poder do fotojornalismo

Trabalhos vencedores registram o sofrimento e a vida cotidiana de países ainda fechados para o resto do mundo.

Atualizado em 27/06/2019 · 17:49 (BRT)

Além da escolha da Foto do Ano, o prêmio da Word Press Photo também apresenta outras categorias, especialmente criadas para enaltecer o trabalho da fotografia dentro do jornalismo cotidiano.

Entre elas Vida Cotidiana, Retratos, Eventos, Notícias Urgentes, Esporte, Assuntos Contemporâneos e outras. Nesta edição do concurso, 5 mil fotógrafos de 125 países submeteram para avaliação mais de 80 mil imagens.

Na categoria “Vida Cotidiana”, a fotógrafa Paula Bronstein venceu com uma imagem que mostra uma mulher em um hospital segurando seu sobrinho Shabir, de apenas dois anos, ferido em um atentado ocorrido em 29 de março de 2016, no Afeganistão.

O país tem sofrido conflitos armados desde 1979, quando a União Soviética invadiu. Segundo as estatísticas da ONU, no primeiro semestre de 2016, pelo menos 1.600 pessoas morreram e mais de 3.500 pessoas ficaram feridas. Apesar dos bilhões de dólares gastos pela comunidade internacional, os civis afegãos correm mais risco hoje do que em qualquer momento desde que o regime Talibã terminou em 2001.

Fotógrafa Paula Bronstein venceu na categoria ‘Vida Cotidiana’ (© Foto: World Press Photo via Paula Bronstein for Time Lightbox / Pulitzer Center For Crisis Reporting)

O chinês Tiejun Wang ficou em segundo lugar com o registro fotográfico de quatro alunas de ginástica durante um treinamento de pressão de pé, em um centro de treinamento na cidade de escola de Xuzhou, na China. A série de exercícios registrada na foto dura 30 minutos e possui um alto nível de dificuldade.

Foto ‘Sweat Makes Champions’ de Tiejun Wang ficou em segundo lugar na categoria ‘Vida Cotidiana’. Crianças chegam a ficar 30 minutos nessa posição (Foto: World Press Photo/Tiejun Wang)

A foto de uma mulher uigur com dinheiro guardado na meia calça, clicada por Matthieu Paley e publicada na National Geographic, ficou na terceira posição. Ela está em um trem que atravessa o país, indo de Hong Kong até Urumqi. Trata-se de uma das viagens ferroviárias mais longas do mundo, contemplando um trajeto de 4,983 quilômetros.

Adeptos do islamismo, os uigures são uma minoria chinesa que vivem na região oeste do país. As mulheres desta etnia não aderem ao código de vestimenta conservador que as mulheres muçulmanas em países vizinhos seguem.

China’s Wild West: as peculiaridades de um trem rumo ao lado pouco visto da grande potência asiática (Foto: World Press Photo/Matthieu Paley, para National Geographic Magazine)

Cuba On The Edge Of Change

Em Dezembro, dias após a morte de Fidel Castro, as suas cinzas foram levadas para o campo, numa rota que retratou, ao contrário, os passos da revolução que liderou em 1959. As cidades e aldeias ao longo da rota foram esvaziadas de moradores como Milhares tentaram captar um vislumbre dos restos mortais de Castro. Para muitos, a morte de Fidel Castro se sentia como a de um pai. Na morte, como na vida, Fidel Castro exigia reverência. Cuba repleta de vida, um contraste mais nítido em meio à sua grandeza desbotada. De um lado ao outro do país, milhares de cubanos esperavam para despedir-se de Fidel.

1. Barbeiro trabalhando em um beco na cidade Havana, Cuba (© Foto 1: World Press Photo/Daniel Berehulak, para o The New York Times); 2. Os membros do Ejercito Juvenil del Trabajo esperam pela caravana fúnebre de Fidel Castro. Cuba declarou nove dias de luto após a morte do ditador, período que culminou com seu funeral (© Foto 2: World Press Photo/Daniel Berehulak, para o The New York Times);
3. Procissão fúnebre de Fidel Castro em Santa Clara, Cuba (© Foto 3: World Press Photo/Daniel Berehulak, para o The New York Times); 4. Caminhão transporta estudantes após a caravana com as cinzas de Fidel passar pela Província de Las Tunas, Cuba (© Foto 4: World Press Photo/Daniel Berehulak, para o The New York Times);

2 Out Of The Way

No extremo norte da Rússia, os modos de vida centenários dominam a vida diária de algumas das partes mais isoladas da paisagem desolada. A civilização moderna penetra lenta e fragmentariamente. Não há estradas, e apenas um helicóptero shuttle duas vezes por mês. Os ancestrais dos moradores podem ser rastreados até caçadores hereditários em um pequeno assentamento perto do rio Nizhnyaya Tunguska, na Rússia, há mais de 300 anos.

1. A civilização moderna penetra lenta e fragmentariamente. Contudo, entrelaçada no modo de vida local (© Foto 1: World Press Photo/Elena Anosova); 2. A pele de um urso é crucificada em uma casa. Na noite anterior, o animal devorou os cães, atacou as pessoas e entrou na casa através da janela. Um casal subiu ao telhado em pânico e esperou até de manhã para neutralizar a besta. Eles estiveram que esperar já que o assentamento só possui eletricidade durante 14 horas por dia. (© Foto 2: World Press Photo/Elena Anosova);
3. A vida parece intocada nesta área remota cercada por deserto (© Foto 3: World Press Photo/Elena Anosova); 4. Os habitantes da região de Nizhnyaya Tunguska River são conhecidos pelos hábitos de caça, tradição passada de geração em geração (© Foto 4: World Press Photo/Elena Anosova);

3 Title: Isle Of Salvation

Os habitantes desta comunidade isolada e silenciosa a chamam de “Ilha da Salvação”, escondida perto de uma movimentada estrada que leva de Moscou a Yaroslavl, na Rússia. Fundada no início dos anos 90 por um padre ortodoxo, é um centro espiritual, educacional e cultural único que atualmente acomoda 300 meninos e meninas, muitos vistos como marginais sociais.

1. Na foto, duas crianças aproveitam um momento de pausa no trabalho de colheita de batata. Nessa época do ano as escolas fecham para que os menores possam ajudar nas lavouras (© Foto 1: World Press Photo/ Francesco Comello); 2. Para entrar no sacerdócio na Igreja Ortodoxa você deve primeiro se tornar um monge ou se casar (© Foto 2: World Press Photo/ Francesco Comello);
3. Cerimônia religiosa da Bênção da Água do Poço (© Foto 3: World Press Photo/ Francesco Comello); 4. Vista da aldeia (© Foto 4: World Press Photo/ Francesco Comello);
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