◉Atualizado em 20/06/2022 · 22:47 (BRT)
Tiago de Moraes, Marina Barrios
Desde os primeiros festivais de rock de procedência hippie no final dos anos 60 até a consolidação dos monumentais formatos de apelo internacional, o fascínio pelas maratonas de shows envolve a expectativa de entretenimento completo e memorável, começando pela combinação perfeita de artistas no line-up e na diversificação das atrações. Não é a toa que eventos como Rock in Rio, Lollapalooza, Planeta Atlântida e João Rock passam por um ótimo momento no país, mesmo com os ingressos cada vez mais caros.
O Lollapalooza, que anunciou nesta semana os artistas escalados para a edição 2020, começou a disponibilizar as entradas pelo valor nada módico de R$ 1,9 mil–por cada ticket na opção “Lolla pass” inteira. Fã do festival, a universitária Mariana Orlandi garante que o investimento vale a pena. “Em um festival o importante é aproveitar 100% de tudo o que é oferecido. Não é só música, tem os stands, os brindes”. Os festivais costumam ser a mistura perfeita de música ao vivo e diversão. Trata-se da oportunidade de curtir o show do artista favorito, descobrir bandas novas, aproveitar o tempo com os amigos, conhecer gente nova e viver momentos inesperados.
Isso inclui experiências incríveis bem como alguns perrengues por conta de imprevistos, falhas de organização e alguns erros de principiante de quem não está acostumado com os grandes festivais, a começar pelo impulso de colocar a pulseira que serve de entrada muito antes da data do evento. Por isso, antes de embarcar na aventura é importante conversar com pessoas que frequentaram edições anteriores e tirar o máximo de informações.
Planejamento é tudo
Assistir shows de nomes nacionais e internacionais em grandes festivais significa pagar caro pelas entradas. Quem conseguiu comprar o ingresso para os três dias de evento do Lollapalooza deste ano, por exemplo, teve que desembolsar a bagatela de R$ 1,8 mil pela entrada inteira.
O passe por um dia de apresentações não ficou muito atrás: R$ 800, com a meia-entrada a R$ 400. O valor da entrada no Rock in Rio 2019, por sua vez, chegou a custar R$ 525, por dia de evento. Sem contar os gastos com transporte, alimentação e hospedagem. Em ambos os casos, os ingressos disponíveis pela internet sumiram em questão de dias, ou horas, dependendo das atrações escaladas para o dia de shows.
Desde a edição 2013 do Lolla, a arquiteta Milena Araujo aprendeu algumas lições sobre os festivais. “Não fui de excursão na época, fomos de carona e voltamos de ônibus pro hotel com mais duas amigas. No dia seguinte, fomos de táxi para o evento. Vendo hoje, compensa muito mais ir de excursão com tudo incluso”, lembra.
Com cinco edições do mesmo festival no currículo, o locutor Felipe Tellis também prefere viajar de ônibus. “Quem é de fora da cidade, é muito mais cômodo ir de excursão do que alugar um quarto de hotel por conta e ir pra cidade. É todo mundo querendo pegar o transporte público ao mesmo tempo. De carro, muito tempo no trânsito. Às vezes, nem os táxis dão conta de chegar e pegar todo mundo que precisa de transporte, isso na entrada e quando os shows acabam. Quem está de excursão é diferente, volta pro ônibus, deita na poltrona e descansa até voltar ao hotel, enquanto tá todo mundo tentando sair de lá”.
ANTES DO FESTIVAL
Pesquise com antecedência tudo aquilo que for precisar no dia do evento, como as opções de transporte, trajetos, os shows favoritos na programação e os horários de entrada e saída. E também uma cotação de quanta grana você terá que desembolsar dentro do festival.
NO DIA DO EVENTO
Prepare-se para andar muito e enfrentar filas. Por isso, opte por roupas confortáveis. Cuidado redobrado na alimentação. Não vá de estômago vazio e confira o que a organização do evento permite trazer de fora. A maioria permite a entrada de frutas fatiadas e lanches embalados em plástico transparente.
DURANTE O FESTIVAL
Caso não tenha levado um mapa do evento, aproveite os primeiros minutos para memorizar a localização dos palcos, banheiros e pontos de venda de comida. Vai beber? Não se esqueça de tomar bastante água para manter o corpo hidratado.
Preparação digna de maratona
Muvuca, lama e a combinação nada favorável de calor e chuva fazem parte do imaginário dos grandes eventos de música desde Woodstock até o recente (e infelizmente) póstumo SWU. Apesar de melhorias consideráveis em conforto e estrutura oferecidas ao público, é bom se preparar para andar bastante e lidar com o cansaço.
No Lollapalooza, realizado atualmente no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, os palcos costumam ficar a quase um quilômetro de distância um do outro, fora o tempo de descolamento dentro do circuito durante o dia, várias vezes, mais de cinco quilômetros por dia. Então, evite usar aquele maravilhoso sneaker que deixa o calcanhar em carne viva ou aqueles sapatos de plástico repletos de adereços que infestam o pé de bolhas.
Essa é uma das dicas da jornalista Inaiá Mello, que foi pela primeira vez ao Lolla no ano passado. “Conforto é fundamental. São muitas horas de shows. Sapato desconfortável ou roupa muito apertada acaba sendo ruim e não dá para aproveitar”, crava. Ir preparada ajudou. “Criei lembranças inesquecíveis, de escutar ao vivo aquela música que ouvia apenas no rádio ou pelo celular. Uma energia totalmente diferente. Quando você está lá, pode ser livre para se soltar, além da possibilidade de conhecer pessoas diferentes”.
Outra enrascada é descuidar da alimentação, como explica Felipe Tellis. “Teve um show que eu desmaiei. De não comer direito, minha pressão caiu. Um café da manhã reforçado ajuda, da mesma forma que tomar bastante líquido durante o evento, não ficar só atrás de bebida alcoólica”. Milena pontua a importância de consultar a lista do que pode ou não ser levado. “Sobre alimentação, como não tinha experiência, levei pouca coisa. Achei que ia ter que jogar fora”.
Montar uma lista com os horários dos shows é uma ideia infalível na hora de organizar o tempo dentro do festival. “O importante é se programar e dar prioridade para os shows que você quer mais ver. Eu já perdi show que queria muito assistir porque são várias atrações. Demora muito para ir de um palco para outro. E não é um rolê que você consegue ir rápido”, descreve Felipe Tellis.
Por isso, Mariana Orlandi também costuma sair um pouco antes do fim do show para aproveitar o máximo da programação. “Em uma das últimas edições, assisti o Metallica, uma banda que eu nunca pensaria em ver ao vivo e foi uma das melhores apresentações de palco que assisti na vida”, completa.