◉Atualizado em 13/01/2023 · 17:25 (BRT)
As especulações, crise de credibilidade, demissões e polêmicas que passaram a virar rotina no Twitter, acentuadas após o bilionário Elon Musk assumir o controle, levaram milhões de usuários a considerar outras opções de redes sociais, e tantos outros a cravar o apocalipse do microblog. Desde o último mês, plataformas como Mastodon e Koo registraram recordes de novas instalações. Enquanto a primeira anunciou que ultrapassou a marca de 1 milhão de usuários, a rede social indiana cujo símbolo é um passarinho amarelo virou um fenômeno no Brasil.
Em questão de dias, a quantidade de contas brasileiras no Koo saltou de 2 mil para 2 milhões. Segundo dados levantados pela agência Bites encomendados pela publicação digital Poder360, a plataforma alcançou 13,3 milhões de usuários no país do mês passado até agora. Porém, o ritmo de adesões caiu drasticamente desde o começo de dezembro.
Para manter e fidelizar os novos usuários, a equipe por trás do Koo tem feito mudanças para tentar agradar o público brasileiro – recursos que incluem a versão do aplicativo em português, o feed em ordem cronológica e a possibilidade de importar postagens antigas e contatos diretamente do Twitter.
Conta a favor da rede social a adesão – e a boa vontade – de influencers e contas de relevância em outras redes sociais. O youtuber e empresário Felipe Neto, a jornalista Rosana Hermann, o cantor Silva, o ator Bruno Gagliasso e a podcaster Leila Germano são alguns dos nomes que criaram um perfil no Koo. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a deputada federal eleita Erika Hilton (Psol) também possuem uma conta ativa na plataforma.
De acordo com o CEO do Koo, Aprameya Radhakrishn, em entrevista ao jornal carioca Extra, o país pulou da 75ª posição para a segunda na lista de países com mais usuários únicos vitalícios, atrás da Índia, onde o aplicativo foi criado. Radhakrishn disse ainda que a equipe já cogita abrir um escritório estratégico voltado ao público brasileiro.
Criado em 2020, o app ganhou popularidade no país natal como alternativa ao próprio Twitter, caindo nas graças de integrantes do alto escalão e apoiadores do governo ultranacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi. A rede social enfrentou anteriormente acusações de ser leniente com discurso de ódio contra muçulmanos. Em sua defesa, o Koo afirma que é apolítico e que não serve a interesses de partidos políticos.
Baseado em código aberto e sem fins lucrativos, o Mastodon, por sua vez, tem como diferencial ser uma rede descentralizada, em que qualquer um pode subir um servidor e se comunicar com outras instâncias, um exemplo prático de plataforma federada, mas com recursos de microblog similar ao da veterana.
Os servidores são administrados por vários grupos de indivíduos, relacionados a nichos e interesses específicos: programação, localidade, causas, entre outros. A moderação do conteúdo fica a critério das regras estabelecidas por cada servidor, o qual administra também as admissões de novos usuários interessados.
Um ambiente virtual completamente diferente do encontrado no Twitter sob os rompantes de Musk. Entre as polêmicas mais recentes, o bilionário reintegrou à plataforma contas suspensas de neonazistas declarados, além de perfis de extrema direita, reabilitou e suspendeu novamente a conta do rapper Kanye West após o artista postar uma foto de uma suástica entrelaçada a um símbolo judeu e lançou novamente a ferramenta Blue – que condece o selo de verificação azul desde que o usuário pague por isso.
Sem dar trégua no tensionamento, Elon Musk decidiu ainda promover nesta quinta-feira (15) um expurgo de jornalistas, alguns deles responsáveis por coberturas críticas ao empresário, suspendendo de forma “permanente”, segundo o jargão da rede social, profissionais de veículos de imprensa como CNN, The New York Times, The Washington Post, Mashable e The Intercept. Outra conta bloqueada sem explicações nesse balaio foi justamente o perfil do Mastodon.