◉Atualizado em 30/04/2020 · 20:30 (BRT)
“Esteja preparado para enfrentar os mais diferentes tipos de inimigos que pretendem instaurar uma ditadura ideológica criminosa no país”. A descrição do jogo “Bolsomito 2k18” deixa escancarada a inspiração no discurso e na figura do candidato à presidência, Jair Bolsonaro. Além da referência, o game lançado no último final de semana virou polêmica por conta do teor violento, no qual o jogador — que controla um personagem muito parecido com o presidenciável — precisa agredir seus oponentes para ganhar pontos.
A lista de adversários que devem ser derrotados ao longo do jogo inclui políticos e estudantes de esquerda, homossexuais, membros do Movimento Sem Terra, negros, jornalistas e femininistas, descritos como “marionetes do exército vermelho”. Quando são derrotados pelo “Bolsomito”, os oponentes se transformam em fezes.
“O jogo é inspirado no atual momento político brasileiro e tem como protagonista um cidadão de bem que está cansado da crescente corrupção e inversão de valores que abala a sociedade”, descreve a sinopse apresentada pela desenvolvedora independente BS Studios, que promete ainda “muita porrada e boas risadas”.
Ao derrotar oponentes, jornalistas, feministas e negros, jogador desbloqueia conquistas como “Bandido bom é…” (Foto: BS Studios/Divulgação) Ao derrotar oponentes, jornalistas, feministas e negros, jogador desbloqueia conquistas como “Bandido bom é…” (Foto: BS Studios/Divulgação)
Ao completar as fases, o jogador desbloqueia também conquistas como “No Final do Arco-íris”, “Bandido bom é…”, “Porco comunista” e “Você não merece”, uma mistura de trocadilhos infames que parecem ter saído de um grupo reacionário no WhatsApp. O game, que custa R$ 9,90 e tem apenas uma versão para PCs, ficou entre os itens mais vendidos da plataforma Steam, inclusive com 87% de avaliações favoráveis até o momento.
No entanto, o jogo tem várias recebido denúncias de usuários da rede e ativistas de direitos humanos, no momento em que a disputa pela presidência da república descamba para uma das campanhas mais tensas desde a redemocratização do país. A própria plataforma permite que usuários denunciem supostas violações presentes nos jogos.
A reportagem da ZACHPOST não conseguiu entrar em contato com a BS Studios, responsável pelo jogo, para comentar o caso. A assessoria do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, ainda não respondeu o pedido de comentário da ZACH a respeito do jogo.
