◉Atualizado em 02/07/2022 · 19:50 (BRT)
Guilherme Dorini, Tiago de Moraes
Grupo de thrash e groove metal formado no interior de São Paulo, o HellgardeN já dividiu palco com veteranos da cena metaleira no país como o Krisiun, Claustrofobia e Project46 –ao longo três anos de estrada. Mas com o recém-lançado álbum de estreia, “Making Noise, Living Fast” (Brutal Records/Sony Music), a banda tem conquistado a atenção necessária para ser considerada uma aposta do rock underground tanto no Brasil quanto no exterior.
O disco foi avaliado até o momento pela crítica especializada como “um trabalho sem chance para o erro”, “matador” e “um dos melhores álbuns de 2020”. “O HellgardeN chegou pra ficar e certamente vai se tornar um dos grandes nomes do metal brasileiro”, cravou a revista Freak em artigo.
Formada pelo baterista Matheus Barreiros, pelo guitarrista Caick Gabriel, com Diego Pascuci nos vocais e Guilherme Biondo no baixo, a banda não esconde a empolgação com o lançamento. “A repercussão tem sido ótima, estamos recebendo muito apoio e interesse em nosso trabalho”, conta Barreiros.
Em oito faixas, o grupo mistura riffs assombrosos, vocais rasgados e partes violentas de bateria e baixo – sonoridade que remete a bandas gringas como Pantera, Machine Head, Lamb Of God, Down, Crowbar e Texas Hippie Coalition. O resultado é um registro orgânico, visceral e marcante, gravado de forma analógica, diretamente nos rolos de fita, o que reforça ainda mais a verve artesanal e vintage presente no álbum.
Para conseguir captar as músicas “sem frescura” e “na lata”, os integrantes foram para Petrópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, no ForestLab Studios, do produtor e engenheiro eletrônico Lisciel Franco, que já trabalhou em discos dos Detonautas e MV Bill. O estúdio tem toda a parafernália específica para esse tipo de gravação, incluindo equipamentos construídos pelo próprio produtor, inspirados na mesma tecnologia de captação de som utilizada nos anos 60 – o que atrai bandas experientes e novatas de todo o país.
“Foi uma experiência incrível trabalhar com o Franco. Sempre admiramos o trabalho dele e tivemos a oportunidade de ficar 15 dias na cidade, hospedados no próprio estúdio. Nos fez evoluir muito e significou um grande passo na nossa carreira”, avalia o baterista Matheus Barreiros.
Uma das faixas presentes no álbum que Matheus destaca é “Learned to Play Dirty”, lançada no ano passado. “Essa é a quinta música que compomos. Foi complexa de fazer, pois queríamos algo diferente. Após o término, sentimos que ficou animal. O seu refrão é uma das partes que mais gostamos. E quando tocamos pela primeira vez ao vivo, o público reagiu muito bem”.
Além do primeiro disco, a banda comemora o contrato assinado com a gravadora Brutal Records, dos Estados Unidos, que assumiu a distribuição do debut album para o mercado internacional em vários formatos. A expectativa do vocalista Diego Pascuci é que o selo norte-americano contribua para fazer o trabalho do grupo conhecido no exterior. “Muitas portas vão se abrir para nós tanto para uma turnê pelo Brasil e, futuramente, lá fora”.
Pensamento em sintonia com o do baixista Guilherme Biondo. “Temos uma boa perspectiva sobre o futuro do HellgardeN, mas ainda estamos dando nossos primeiros passos na cena profissional. Então é difícil imaginar o que nos aguarda. Acreditamos e lutamos muito pelo sucesso da banda e temos tido um feedback bem positivo sobre o material lançado”.
Mas por enquanto, devido a pandemia de coronavírus, a banda tem feito a divulgação do material inédito exclusivamente pelas redes sociais. Para diminuir a distância dos fãs, os músicos entraram na onda de transmissões ao vivo e promoveram a metaleira diretamente de casa, no último sábado (25). A banda também lançou uma campanha de financiamento coletivo na internet.
Sobre a cena metaleira no país, Diego Pascuci avalia que os grupos em atividade não devem em nada em qualidade e inovação –ao contrário do senso comum de que o comodismo teria tomado conta dos artistas do gênero nos últimos anos.
“Cada vez mais estamos exportando bandas para o exterior e cada vez mais as composições estão melhorando. Temos mais estúdios e produtores que entendem do gênero e atendem as bandas com equipamentos classe ‘A’. Contratantes dispostos a fazer eventos, agent bookers dispostos a agendar turnês, mídia especializada e etc”, defende Pascuci.
E acrescenta que o gênero foi e sempre será um movimento de contracultura. “Não dependemos de ajuda financeira ou promessas de políticos, possuímos nosso próprio ecossistema e não é preciso procurar muito para conhecer ótimas bandas que estão rodando o Brasil e mundo”.
O começo
Matheus e Caick já se conheciam no colégio, desde os 12 anos. Com o objetivo de fazer música juntos, os roqueiros de Botucatu (SP) começaram em festivais no interior, tocando com outras bandas locais. “A música é algo mágico que transforma as pessoas que a executam e as que a escutam. Certamente a música nos escolhe e não nós que escolhemos ela”, acredita o guitarrista da banda Caick Gabriel. E nessas andanças, conheceram os demais integrantes da HellgardeN, Diego e o Guilherme.