O dinheiro acabou antes do fim do mês? Está na hora de aprender a cuidar do bolso

Confira dicas para sair das dívidas, identificar o que está arruinando sua renda mensal — e também dicas para poupar e investir.
(Foto: Freepik/Arte: ZACHPOST)

Atualizado em 30/04/2020 · 17:36 (BRT)

Kleber Camargo, Tiago de Moraes

Atire a primeira pedra quem nunca fez uma compra por impulso, sem pensar muito se a grana vai fazer falta no fim do mês. E se aquele outfit da moda que tanto deseja continua com o preço elevado, dá para dividir no cartão de crédito em suaves prestações. Aliás, a possibilidade de parcelar parece uma ótima ideia — no caso, um hábito cultural, 79% dos consumidores costumam dividir as compras — até que, de tantas dívidas acumuladas, chega uma fatura que não dá para pagar o valor total. É aí que começa a complicada jornada do jovem inadimplente.

No Brasil, 4,8 milhões de jovens (entre 18 e 24 anos) estão com o nome sujo na praça, de acordo com o levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) referente ao mês de maio. Pode não ser a faixa etária mais enrolada nas finanças — o número de inadimplentes no país é de mais de 63 milhões de pessoas — , mas a quantidade preocupa considerando as taxas de desemprego entre os mais jovens e a instabilidade profissional.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre de 2018, a taxa de desocupação da população com idade de 18 a 24 anos chegou a 28,1%, ou seja, são 4,42 milhões de jovens sem emprego. A taxa de desemprego nesta faixa etária chega a ser até três vezes maior do que a do percentual da população de 25 a 39 anos (11,9%). A remuneração, então, nem se fala.

Missão: fazer o dinheiro render até o fim do mês

Para quem se encontra nas situações descritas anteriormente, a sugestão do economista Luis Gustavo Baricelo na organização das finanças pessoais é analisar como o dinheiro entrou na conta e como a renda está saindo. Vale anotar as coisas em um caderno, planilhas e por aplicativos de celular. “É preciso encontrar o meio que permite ter o controle da vida financeira, e não o contrário”, diz. Para os inadimplentes, sair do vermelho requer dedicação e regularidade, seja na hora de cortar gastos no orçamento mensal quanto na hora de cumprir com os credores.

Também é crucial fugir do rotativo do cartão de crédito. Apesar da tendência de queda na taxa de juros, a modalidade ainda possui um dos valores mais altos do mundo, beirando a 291,9% ao ano, segundo dados do Banco Central. A sugestão de Baricelo é analisar a possibilidade de trocar a dívida “cara” por uma dívida mais “barata”, a partir de um empréstimo para cobrir as pendências no cartão. Pode ser benéfico para aliviar o orçamento, pois a taxa de juros do crédito pessoal é menor do que as praticadas no cartão, ou seja, as parcelas são mais baratas — desde que se tenha o controle para não contrair ainda mais dívidas no cartão e também uma análise minuciosa nas condições impostas no momento de contratação do empréstimo.

Outra cilada é usar o cartão de crédito para compras de menor valor e alimentação. Neste sentido, quem não tem muito tato com educação financeira tende a perder o controle, levando ao aumento no valor do boleto no fim do mês. Isso não significa que o cartão de crédito seja de todo ruim: para compras de maior valor é uma opção vantajosa, em comparação com o crediário, e em despesas emergenciais.

Comece a poupar

Com a organização financeira em dia, dá para se planejar para conquistar algo a mais. Ainda de acordo com Luis Gustavo Baricelo, um bom começo é separar parte do ganho mensal — de 8% a 20%, de forma condizente com a renda. Aplicar a grana na poupança é a mais segura de investir a curto prazo, apesar de não ser tão rentável. “Quando você já acumulou um montante, R$ 500, por exemplo, já se pode pensar num título da dívida pública (Tesouro Direto), mas sempre lembrando que uma taxa de juros mais elevada — maior remuneração na aplicação — exige um maior tempo de aplicação do recurso e maior valor. Não existe milagre, mesmo que os comerciais insistam em dizer isso”, sugere o economista.

Portanto, dinheiro precisa de gestão. Consumir tudo de uma vez retira a possibilidade de aplicá-lo futuramente, seja em projetos audaciosos na carreira ou até mesmo para mochilar ao estilo Na Natureza Selvagem. Tirar as ideias do papel depende diretamente de organização na área financeira. Seja prudente com o dinheiro e pense onde deseja estar financeiramente daqui a cinco ou dez anos. Pensou? Comece a fazer.


* Com reportagem adicional de Tiago de Moraes. Publicado originalmente no Medium.

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